Saúde e IA

Por: Paulo Rosa
Médico 

e

Matheus Fonseca
Técnico em informática


O Diário Popular deu destaque, recentemente, ao Dia Mundial da Saúde, comemorado neste 7 de abril. O caderno Saúde DP pôs em evidência a importância de uma atitude preventiva, e não apenas curativa, nessas questões, bem como deu ênfase, com razão, ao aspecto mental, dimensão frequentemente negligenciada no complexo conceito atual de saúde. Desde 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou uma perspectiva múltipla e inovadora: as dimensões corporal, psicológica, social e espiritual são avaliadas e, mais importante ainda - saúde é vista como bem-estar, em todas as quatro áreas - e não, meramente, ausência de sintomas ou de doenças. Este enfoque contemporâneo colocou em questão a própria formação médica, incentivando que o médico de hoje - aliás, todo o pessoal que trabalha em saúde - adote um olhar interdisciplinar na abordagem ao paciente. É um alerta bem-vindo, pois se contrapõe ao risco que implica a excessiva especialização, tendência ainda vigente, que não só encarece custos como favorece a perda de uma visão humanista, e plena, do ser como um todo, e como parte própria da Natureza. Decorre dessa visão que caso o/a vivente maltrate a Natureza, em quaisquer de suas expressões, animal, vegetal, ambiental, etc., estará maltratando a si mesmo, bom lembrar. Mas, isso é já outro assunto.

O texto do DP em questão é valioso, mas sentimos falta de uma perspectiva tecnológica, relativa à Inteligência Artificial, que vem trazendo contribuições inesperadas ao campo da saúde.

“Como é que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido sabe que uma epidemia de gripe está em curso em Londres? Analisando os relatos de milhares de médicos em centenas de clínicas. E como todos esses médicos obtêm a informação? Bem, quando Maria acorda certa manhã se sentindo mal, ela não recorre imediatamente a seu médico. Ela espera algumas horas, talvez um ou dois dias, na esperança de que uma boa xícara de chá com mel resolva seu mal-estar. Quando a situação não melhora, ela marca uma consulta, vai até a clínica e descreve os sintomas. O médico digita os dados num computador, e alguém nos escritórios do Sistema Nacional de Saúde, assim se espera, os analisa juntamente com outros relatos que continuam fluindo [...] isso leva tempo. O Google seria capaz de fazer isso em minutos. Tudo de que precisa é monitorar as palavras que os londrinos digitam em seus e-mails e no mecanismo de busca do Google e cruzá-las com um banco de dados de sintomas... se o algoritmo do Google anunciar que esses relatos aumentaram significativamente, bingo! Temos uma epidemia de gripe”.

O fragmento é de Yuval Harari, em Homo Deus, uma breve história do amanhã, de 2015, p.337. Ele dá uma ideia do quanto a IA pode antecipar ou encaminhar problemas de saúde, agilizando serviços, diminuindo estragos.

Comemore-se. Mas, alerta com os algoritmos. Têm risco.

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